Empreendedora de Niterói cria a Casa da Matemática

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Depois de 25 anos dedicados às salas de aula, a professora Márcia Queiroz, aposentada da Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec), órgão vinculado à Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação, atendeu o chamado do empreendedorismo.

Ao sair da Faetec, em 2021, ela deixou o legado de valorização ao ensino público e amor aos alunos, mas muita água ainda ia rolar na fonte do conhecimento. Para quem imaginou que a craque da educação fosse viver de brisa, errou por muito. Afinal, a professora não perdeu tempo e decidiu se aventurar no empreendedorismo. Márcia Queiroz arregaçou as mangas e criou a Casa da MatemáticaRJ, em Niterói, no Rio de Janeiro.

Casa da Matemática? Sim. É um espaço elaborado pela professora Márcia Queiroz, graduada pela UFF (Universidade Federal Fluminense) com recursos de aprendizado para todas as idades. São 26 anos de experiência em sala de aula, apresentando método facilitador no ensino da disciplina.

“A matemática, na Casa, tem cor, movimento e sabor. É um ambiente de estudo e entretenimento interativo, aconchegante, colorido, com decoração leve e estimulante ao aprendizado, onde há aulas de apoio escolar, robótica, desenho e pintura, xadrez, além de biblioteca, oficinas, palestras, exposições e de projetos itinerantes como ‘A Casa Visita’, que leva o acervo e atividades aos colégios, condomínios e festivais, e também o ‘Casa para Todos’. Esse modelo torna acessível o aprendizado e o conhecimento da matemática às crianças de todas as classes sociais”, explica Márcia Queiroz.

A essência da educação sempre se mostrou forte na trajetória de vida da professora Márcia Queiroz. Bem antes de se graduar em Licenciatura Matemática e Desenho Geométrico pela Universidade Federal Fluminense (UFF), ela já havia exercido de forma empírica o magistério. A facilidade de assimilar a disciplina a levava ao pedestal de boa aluna que tinha a simplicidade de compartilhar o aprendizado. A estudante Márcia Queiroz atuava como aluna monitora nas aulas de matemática e também em português, ciências.

Para os colegas de turma, aprender os exercícios, que cobriam o quadro negro, era um tormento. Diante do drama, Márcia se prontificou em ajudar a quem assim o quisesse. Ela sentia prazer em ensinar ao irmão, aos colegas de classe e da rua onde morava. Ela gostava de ajudar, de exercer a solidariedade natural dela, porém os olhos sempre brilhavam mais intensamente quando as dúvidas eram sobre matemática. Português também estava no raio do gostar da Márcia Queiroz, todavia, como ela mesma define, a matemática a escolheu.
“O magistério sempre falou alto em mim. Empreender criando a Casa da Matemática foi um processo natural. Sim, não é tarefa fácil empreender no Brasil. Empreender no segmento educação parece ser mais difícil ainda”, destaca Queiroz. O gosto por ensinar sempre foi muito natural nela. Uma das muitas brincadeiras na infância e na adolescência de Márcia Queiroz, era ser professora.

“Eu adorava dar aula para as amigas da rua Aristóteles, em Rocha Miranda, Zona Norte do Rio de Janeiro. Ainda hoje, quando Márcia se encontra com as parceiras, essa lembrança é tema de conversa, risadas e emoção. Márcia é professora de fato e por direito. Ela é a típica profissional que atua por amor e por ideal. E foi assim com esse espírito do bem que foi aprovada no vestibular da UFF. Sempre inquieta a universitária seguiu em busca de novas formas para tornar a matemática menos assustadora para os estudantes.
A professora e empreendedora Márcia Queiroz seguiu a sua intuição. A busca por nova metodologia de ensino da matemática a fez encontrar o caminho durante uma exposição científica na Fundação Oswaldo Cruz. Os olhos brilharam com a experiência vivida. Impactada positivamente, ela planejou aulas de matemáticas que vão além da sala de aula e do quadro negro.

Focada, a professora levou a leveza para a matemática. Uma das pioneiras no ensino lúdico, ela iniciou a pesquisa desta pedagogia diferenciada em 1996. O propósito da professora é desmistificar o bicho papão que muitos dizem ser a matemática. Ela ensina a disciplina pelo caminho da prática, da criatividade, dos jogos, estimulando a interação na solução dos exercícios. “O lugar que me fascinou primeiro foi o Espaço Ciência Viva, na Tijuca. Já docente do colégio Salesiano e da Faetec, eu levava minhas turmas para aulas de passeio. Aprendi muito também no MAST-RJ (Museu de Astronomia e Ciências Afins, instituição pública do Governo do Brasil que se dedica ao estudo e divulgação da história da ciência e da tecnologia no país, museologia e a educação em ciências. Bebi muito na fonte de conhecimento do Planetário da Gávea e do Museu da Vida ( Fiocruz)”, frisa.

A didática diferenciada da professora Márcia Queiroz já proporcionou aos alunos que se descobrissem jornalistas, engenheiros, desenhistas, militares, atores. Essas aptidões foram despertadas dentro da sala de aula, onde estava a professora que saiu do lugar comum e buscou engajar alunos na arte de estudar matemática.

Márcia Queiroz ainda leva pizzas, sorvetes, bolos, jogos, espelhos e impressões 3D para a sala de aula. A estratégia pedagógica é para ensinar matérias como fração, por exemplo. Durante as aulas na escola pública Rede Faetec, onde atuou por mais de 25 anos, Queiroz ensinava parábolas na quadra de esporte. Quer saber qual foi o resultado? Os alunos adoraram a aula. 

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@priscampos_rj

Editora-chefe e Jornalista Niterói News
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