1 ano de Pix: o que já percebemos de avanço para o consumidor?
por Ticiana Amorim
O Ano, 2002. Acompanhámos, atônitos, manchetes nos principais veículos de comunicação do País, sobre o avanço do Sistema de Pagamentos Brasileiro, que passaria a ser totalmente reformulado. E parece incrível este avanço: não
pagar para transferir para outra pessoa física, poder mandar dinheiro para alguém e esta pessoa receber na hora, não importando o dia ou horário. E mais: poder pagar seu plano de saúde e ele ser liberado, instantaneamente, é
realmente o futuro? Não. É o mínimo.
Menos de 10 anos depois, o imediato já não é mais suficiente. É preciso ser instantâneo. A era do Twitter é marcada por pessoas que estão acostumadas a ter acesso ao mundo em tempo real. O sistema financeiro global, cada vez
mais forçado pelas novas tecnologias (em suas essências, instantâneas, mais seguras e transparentes) precisa acompanhar o ritmo de suas atualizações que se esbarram em suas próprias decisões do passado: o sistema legado.
É a tecnologia que atrapalha a implantação de novas tecnologias e, por isso, mesmo com o Pix em pleno funcionamento, a maior parte dos planos de saúde ainda não disponibilizam essa opção para pagamento. Como isso? Explico: o próprio sistema não consegue dar baixa em tempo real. Porque o sistema está associado a algo chamado “arquivo de retorno”, referente à forma de comunicação com bancos sobre boletos.
E, pasmem: não consegue entender outros formatos de arquivos que não estes. “Ah, mas é porque o mercado estava esperando ver se o Pix ia pegar.” Foram mais de R$ 3 trilhões de reais movimentados por mais de 104 milhões de pessoas físicas, em 365 dias. E aí, mercado? Pegou?
O Banco Central estima que mais de 45 milhões de pessoas que não realizavam transações eletrônicas, agora, fazem Pix com frequência. O sistema já conseguiu reduzir em quase R$ 5 bilhões os custos bancários para as empresas. E esse é realmente só o começo. O começo do fim. O fim da possibilidade dos grandes players ignorarem as necessidades dos usuários, pois agora são atendidas por techfins menores e o sistema legado impede que esses gigantes consigam competir na velocidade que o mercado cresce.
Desde 2006, é enviado mensagens, em tempo real, via Twitter, mas dinheiro em tempo real só 14 anos depois. E o que é dinheiro, se não informação?
Era do “FinTech 2.0”
Estamos vendo a tendência progressiva de focar puramente em tornar as coisas mais fáceis e na inovação. A questão não é: “Como posso tornar este processo mais eficiente?” Agir de maneira isolada, querendo atender ao mercado sozinho, e sim: “Onde podemos ter um impacto positivo maior?” e “Comopodemos agregar valor real?”. Isso está levando a uma maior inclusão financeira, à redefinição das funções das partes interessadas e à melhoria
das experiências do cliente? Por exemplo, o Programa de Inclusão Financeira do Pacífico e o Rocket Remit estão aproveitando a tecnologia digital e o pensamento inovador para oferecer novos produtos e soluções sob medida para um mercado de massa de comunidades sem banco. Isso não é futuro, é presente.
Há mais de cinco anos existem fundos internacionais, liderados por bancos globais, que financiam startups nos seus processos de inovação, pois perceberem que, se não pode contra ela, que se juntem a elas! E quem ganha?
O consumidor.
A mudança começou pelo Pix e Open Finance, mas eles são apenas porta de entrada para um mundo em que a descentralização dos serviços financeiros vai acontecer. É preciso dizer que essa é uma evolução com a qual todos podem ganhar e se beneficiar. É a democratização que faltava para uma diversidade ampla e robusta de serviços, cuja sociedade é a principal beneficiada.
Bem-vindos à revolução. E aí? Será que pega?
*Ticiana Amorim é fundadora e CEO da Aarin, o primeiro Hub Techfin especializado em Pix e Open Banking.
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